quinta-feira, 11 de julho de 2013

BRUXAS e CELTAS – Desvendando o Facebookanismo



“Havia um tempo em que nós nos reuníamos a céu aberto, nas quintas, nas praias, nos bosques. Cada um trazia sua bebida e alimento. Trocávamos experiências, conhecimento, dançávamos e ouvíamos os Bardos. Ouvíamos os anciões também, com suas longas historias sobre as tribos e seus rituais. Ai veio Roma e tudo mudou. A mesma Roma que abraçou o Cristianismo por lucro e política, que nos perseguiu e matou. Séculos mais tarde, Roma retorna. Justamente no momento que achávamos que estávamos livres, Roma retorna com nosso nome e nossa bandeira. E exige seu tributo, disfarçado em ajuda de custo, aluguel, sítios, cursos...mas sempre a mesma águia vermelha. Nestas horas, olho para uma das faces da grande mãe e fico muito feliz por saber seu significado.” Autor: Perfil Falso do Facebook

Esta é uma visão romantizada de como era o mundo perfeito e uma critica ao modelo de sociedade que temos hoje, também é o entendimento da maioria das pessoas que provavelmente não tiveram uma instrução mais erudita nas questões históricas e utilizam da literatura mística para se iludirem um pouco mais sobre a realidade dos povos antigos ao qual é recheada de lutas e poucos indivíduos chegavam a se tornarem anciões!

Vamos começar a esclarecer alguns pontos, então tirem as crianças do computador, pois não serei eu que quero desfazer a ilusão delas, sobre as fábulas e o encanto das estórias, mas quando entramos na fase adulta saber o que é real do que é ilusão é necessário, contudo também não tenho a arrogância de tentar mostrar aos cegos outros pontos de vista e assim basta que cada um busque obter mais conhecimento para sua jornada.

Vamos a primeira quebra de dogma, nem todos os bruxos descendiam de celtas e nem todo aquele que desenvolvia uma aptidão a magia era bruxo. Os celtas tinham o Druidismo como religião e os druidas não eram bruxos! Então quem eram os bruxos?

Aqui temos duas teses muito interessantes, uma etimológica ao qual liga os primeiros indícios do nome a península ibérica, sendo assim, seria uma religião ou expressão religiosa ao qual exercia uma crença campesina, voltada ao culto da natureza e de base politeísta. A segunda tese, advém de um conceito base comparativo de religiosidade para toda a região conhecida como Europa, fruto das diversas estórias e mitos que a princípio ligava o bruxo as questões do trato religioso nos vilarejos e a prática de culto ancestral, nativo e politeísta, como era em sua maioria na idade antiga nesta região.

Os bruxos se reuniam a noite e ritualizavam? Muito do que temos hoje é uma visão romantizada da idade média, aos quais os bruxos se reuniam no sabath negro e praticavam orgias e dançavam com o diabo manuseando feitiços e realizando sacrifícios, esta visão fantasiosa eram, em sua maioria, vindos dos tribunais da Santa Inquisição, relatos baseados em torturas, fora este contexto também temos os relatos romanos com a visão do conquistador que misturava fatos com visões muito pessoais e até fictícias para tornar a literatura mais emocionante! (Na opinião de quem escreve).

Então se reunir é uma prática comum até hoje, até uns 60 anos atrás, quando ainda não existia televisão, muitas pessoas se reunião após o trabalho, sentavam suas cadeirinhas e banquinhos na calçada e ficavam ali contando coisas do cotidiano, histórias e algumas até poderiam socializar com seus quitutes... e olha! Ninguém se dizia celta, ninguém incendiava ruas e bancava o palhaço fazendo um ritual, pelo menos não sem estar bem calibrado na bebida alcoólica!


Será que foi Roma que mudou as coisas? Ah coitado dos romanos! Se eles soubessem o quanto são odiados pelos reconstrucionistas celtas juvenis! Estava pensando nisso um dia quando postei um material arqueológico de base pagã.... e pensar que os romanos invadiram a Península Ibérica e lá também construíram os seus lares, e levaram a sua cultura, a sua tecnologia, fizeram aquedutos para tudo quanto é canto, levando água para as cidades e que nós que nos dizemos descendente de celtas e que com certeza também devemos ter um pezinho lá em Roma, pois quem conhece a história da Europa sabe que houveram muitas miscigenações, que povos eram inimigos e depois ficavam amigos e depois brigavam e depois se uniam, que comercializavam entre eles... puxa! Difícil tomar partido e saber quem era vítima e quem era o vilão....

E hoje se exige tributo! E ainda bem, pois antes o pessoal pilhava mesmo, violentava e matava sem dó, mas alguém poderia dizer... "ah mas existia liberdade!" Pode ser... mas o sistema monetário deu certo e todo mundo aderiu, deu tão certo que até hoje recebemos, graças aos deuses em dinheiro e não mais com escambo, imaginou ter que levar todo dia um porco, um carneiro e um carrinho de repolho para casa?

Ah sim... temos leis, imagina se todo maluco tivesse a liberdade de fazer sua fogueirinha no mato o quanto de incêndio teríamos? E toda a lenha queimada, e os efeitos do CO2 em nossa atmosfera, e tudo isso pela liberdade do sujeito que quer viver na era antiga!

E claro o protesto comercial! Pois tem gente que cobra para ensinar! É religião? Então não pode! Se fosse qualquer coisa daí poderia.... Isso me faz lembrar em qual religião não pede sua contribuição, qual que vive iluminada por Deus ou Deuses e que faça os credores esquecerem de quem deve! Puxa seria tão bom que o cara da água, da luz, do governo, do incenso, das flores não cobrasse! E imagine você trabalhando de graça e no final feliz, pois você não precisa de nada do mundo real, apenas de sonho! Não é lindo e não lembra aquelas fábulas do “viveram felizes para sempre”, saibam que até os druidas cobravam, tanto que não era qualquer um que poderia ser aprendiz, geralmente eram pessoas privilegiadas dentro da sociedade celta.

É.... eu sei, hoje existem exploradores da fé, imagina pedir contribuição pelo sagrado? Para que custear um professor? Eu sou auto-ditada, aprendo sozinho, afinal tem internet, né? Ninguém precisa gastar com livros...

Hoje me perguntaram o que eu era, fiquei pensando em como dizer de um modo que fosse natural, mas 
quando se fala bruxo tenho receio de ser comparado com esse povo muito “místico” que tem por ai do mesmo modo que quero passar longe da visão de satanista e pessoa que faz “magia negra” e dança com o diabo, repensei na visão distorcida do que as pessoas entendem por sacerdote e mestre e fechei a questão com um simples professor de uma matéria teológica e que faz vivências para que as pessoas possam se conhecer melhor e me senti bem com esse rótulo.

Sim.. hoje existe workshop, cursos virtuais, rituais de faz de conta, existem diversas opções que vão de encontro a sua busca por profundidade. E custa? Custa pakas! Custa sangue, suor e lágrimas e fique despreocupado, pois a questão financeira vai ser a última que você vai pensar!

Ah mas o senhor defende quem cobra e portanto é um picareta! Bom.... o que dizer? Se picareta for àquela ferramenta que os presos usam para quebrar pedras eu me sinto feliz em ser pelo menos útil, então mil vezes picareta do que privada!

Abraços Fraternos,