segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Liberdade na Bruxaria Tradicional

Revendo alguns textos podemos observar a palavra liberdade sendo colocada a todo o momento, acreditamos que o caminho da Bruxaria Tradicional é liberto, pois ele nos mostra uma peregrinação de auto-conhecimento, ele não nos cobra participarmos com reuniões semanais, ele não implica em uma junção de procedimentos cerimoniais para culto, não existe o pesar tão duro sobre um deus único e benevolente pronto a te deixar em desgraça por algum deslize, não existe o pecado e nem um ser que te faça pecar, não existe o castigo de queimar no inferno, ou o benefício das 40 virgens, existe apenas o caminho e você, e isto, a nós inspira liberdade.

Mas percebam, essa liberdade em nada tem em comum com ecletismo religioso, a bruxaria é um caminho tal como as diversas trilhas (sendas e religiões) que existem e que te levam a lugares conforme seu objetivo, não quer dizer com isso que seja libertino, herege, ou qualquer outra manifestação de rebeldia, pois o que percebemos nesse tramitar é justamente a harmonia de se viver bem, consigo mesmo e com tudo o que lhe cerca; isso não tem haver com “Paz e Amor” tem haver sim com a sincronia perfeita com o universo, o perfeito estado de êxtase, da manifestação da sabedoria.

Muitas pessoas não concordam com esse pensamento, pois estão fixadas em suas crenças pessoais como se isto fosse um caminho a que todos podem ou deveriam seguir e dão o nome de Bruxaria Tradicional, num sistema exclusivo de feitiçaria, geralmente ligada a tudo o que existe em magia, com base na cultura africana, tal como risco de chão com pemba, símbolos pitagóricos, judaicos ou cristãos, com culto a Exu, com o estereotipo de magia negra, no entanto esse mesclado de crenças e feitiçaria é ligado exclusivamente a crenças íntimas e mesmo dentro de grupos, percebemos uma total desfoque de idéias, o que não poderia ser diferente, não é um caminho e muito menos Bruxaria Tradicional.

Existem pessoas que usam do termo tradição para terem notoriedade no assunto, tradição para nós é base de conhecimento, portanto seria impossível aprender o contexto de tradição por livros, ela é apenas passada pela prática, pela vivência, pela forma oral. Podemos ler, por exemplo, sobre culinária portuguesa, entretanto nunca saberemos a receita legítima dos ditos “Pasteizinhos de Belém”, com isso entendam que ninguém irá colocar estes detalhes em livros, tal como até hoje não sabemos a formula da Coca-Cola, embora muitas empresas façam sabores similares.

Oferecemos um caminho amplo e liberto que possibilita a troca de conhecimento, como também o silêncio da peregrinação, cabe a cada um rever suas bases, pois se você consegue separar seus procedimentos mágicos por religiões, esteja certo que o que segue é apenas uma colcha de retalhos e nada mais do que isso.


Cordialmente,
CBT (Conselho de Bruxaria Tradicional)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Bruxaria e História - as práticas mágicas do Ocidente cristão


Segue um trecho do livro, que alguns apóiam como base para suas crenças, e demonstra as diferenças de caminhos que preservamos e estudamos em relação à visão e depreciação dada a influência religiosa cristã.

*** Segue com nossas colocações: 

Bruxaria e História - as práticas mágicas do Ocidente cristão

O livro escrito pelo professor Carlos Roberto Figueiredo Nogueira (História Medieval - USP) pretende contextualizar a Bruxaria adequando-a a uma realidade histórica que a nega enquanto fenômeno religioso da cultura folclórica dos camponeses e a transforma em "bode expiatório" para as neuroses coletivas da sociedade da época que classificava a todos os não cristãos como seguidores de Satã e traidores de Cristo.

*** Ou seja, o professor coloca que a realidade histórica, dada a influência do poder dominante (cristianismo) transforma o fenômeno religioso da época em um alvo que o caracterizará como demoníaco e pecaminoso.


 Nesse bojo, encontramos o surgimento da psiquiatria e o "universo mágico" passa a ser analisado sob o ponto de vista da psique humana.
*** Portanto temos dois atributos, um colocando as antigas crenças como demoníacas e que todo problema de deficiência mental e física fazia parte da relação entre estes cultos.


O autor inicialmente busca conceituar o que ele chama de "manifestações das práticas mágicas", sendo elas: magia, feitiçaria e bruxaria. 

*** Temos aqui uma mistura que mostra realmente que este universo tido como marginalizado era uma coisa só, algo demoníaco, portanto qualquer manifestação religiosa transformaria em operação maléfica, perante aos ideais Católicos (anterior ao século XIV).


O cenário em questão é a Europa no período compreendido entre a Idade Média e o início da Idade Moderna, 

*** Fonte é o continente Europeu, não poderia ser diferente, visto que Bruxaria é um termo da Europa, e a base do estudo é Idade Média e Moderna, ou seja, algumas críticas pagãs sobre o modernismo são incabíveis dadas à época para sua base de estudos.


pautado pelas crenças e condutas mágicas pagãs marcadas por profundas e radicais mudanças de significados, comuns a essa época. 

*** Portanto distorção de significados dado ao que era Bruxaria antes e depois da influência cristã. 


Ressalta que com a chegada do Cristianismo são impressas a essas manifestações um caráter demoníaco. 

*** Aqui o autor presta mais ênfase ao assunto que é claro e objetivo.

A presença de sobrevivências pagãs em plena era cristã, reflexo da religiosidade popular evidente e enraizada no povo do campo, evidenciava a necessidade de criar no imaginário coletivo a existência da encarnação do mal para que o bem surgisse como força suprema, o belo e divino em oposto ao feio e demoníaco, antítese simplista entre o bem e o mal.
*** Com isso a visão maniqueísta (Bem X Mal - Luz X Trevas - Deus X Diabo - Magia Negra X Branca), concluímos que esta visão surgiu após e não nos cultos pagãos em essência.

No final do século XIII apareceram teorias que marcam o nascimento da psiquiatria e os comportamentos divergentes e extraordinários passam a ser interpretados como doença mental. 

*** Ou seja, apenas no século XIV, com o nascimento de movimentos protestantes contra as crenças da igreja Católica, é que se começa a diferenciar a psiquiatria da crença.


Mais adiante, psiquiatras passam a considerar a bruxaria como "forma de loucura contagiosa e coletiva”. 

*** Ou seja, qualquer a histeria, coletiva ou não, religiosa é entendida como desequilíbrio mental, portanto até cristãos fervorosos poderiam estar "embruxados"

Alguns atribuíam inclusive ao catolicismo a função de produzir a loucura pela propagação de imagens infernais e vislumbre de situações terríveis para os não católicos. A igreja aponta para o castigo divino, a ira de Deus. O mundo passa a ser visto como um grande asilo para insanos sem um local adequado para tratamento.

*** Temos aqui a loucura religiosa dada para não cristãos, como também podemos entender como os rituais de exorcismo para cristãos, e tendo também a igreja como assistência social, e que ainda temos exemplos disso nos dias atuais com instituições como Hospitais (ex.: Hospital Santa Casa - SP). 

Assim, todos os que acreditavam ou realizavam "práticas mágicas" eram psicologicamente doentes - acusados e acusadores, perseguidos e perseguidores. Os juízes que condenavam eram tão insanos quanto aqueles que eram condenados. As virgens virtuosas, devotadas a Deus, se consideravam noivas de Cristo, as bruxas impiedosas, ligavam-se a Satã e eram suas concubinas. 

*** Freiras e Bruxas, práticas dualistas para a época, faz menção também a Santa Inquisição, onde encontramos grimórios que seriam os relatos obtidos através de tortura, influenciados pelos inquisidores logicamente.

No primeiro caso, a experiência psicopática é explicada pela teologia e justificada pelos padres das igrejas, no segundo caso, torna-se uma aberração demoníaca e aqueles que a possuíam eram passíveis de todas as torturas e maldades. Os processos de heresia abrigavam astrólogos, curandeiros, judeus, turcos, ciganos, feiticeiros e outros assemelhados, referindo-se a todos como bruxos e bruxas. Qualquer pessoa que tivesse uma conduta, comportamento, características diferentes ao que era considerado padrão, eram associados ao diabo e punidos como tal.

*** E assim teremos que ao aderir essa tese de crenças marginalizadas, todos sem exceção são bruxos, então judeus, ciganos, protestantes, etc... Não existe o mínimo de discernimento nessa teoria.

Enfim, esse é um período que, do ponto de vista da Bruxaria, desqualifica e impede a compreensão de seu papel histórico. Bruxas e bruxos são descaracterizados e transformados, ora em seguidores de Satã, ora em doentes mentais, produtos da loucura impressa pela ótica do Cristianismo.

*** O autor resume a questão como um período que desqualifica as antigas tradições em favor de uma depreciação do poder religioso dominante.

A sua existência legítima entendida como alçada religiosa, sofre indiscutivelmente rejeição social e moral em uma coletividade adequada aos seus próprios valores e que nega veementemente qualquer outra forma de conduta.

*** Perfeito, com isso, se todas as pessoas pudessem não apenas "ler" mas soubesse interpretação de texto, visto que é uma das grandes dificuldades em nosso cotidiano, estaríamos mais direcionados em nossas crenças e não prestando um desserviço ao paganismo.


Espero que este texto tenha demonstrado o porquê de nossa linha não se basear na era medieval.

Cordialmente,


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

SIGNIFICADO DAS PALAVRAS - Bruxo, Mago, Feiticeiro




Quais são as fontes para pesquisa? A primeira poderia vir do Latim.
O latim é uma antiga língua indo-européia do ramo itálico originalmente falada no Lácio, à região do entorno de Roma. Foi amplamente difundida, especialmente na Europa, como a língua oficial da República Romana, do Império Romano e, após a conversão deste último ao cristianismo, da Igreja Católica.

Outra hipótese é a busca fora do latim, em outras línguas, como os primeiros escritos citando a forma etimológica da palavra.

Não dá para se basear no dicionário Michaelis ou Aurélio, visto que algumas palavras sofreram distorção no tramitar do tempo.

Um exemplo disso é a palavra Bruxaria, que é anterior ao período romano na Ibéria, ou seja, a palavra bruxa, bruja como outras foram indexadas ao latim naquelas regiões e chegaram até as línguas portuguesa e espanhola.

Portanto o termo bruxo tem um significado bem diferente constituído pela Igreja Católica, na idade medieval esta sobre a influência cristã, onde qualquer religião, qualquer seita, qualquer espiritualidade era tida como influência diabólica, portanto uma marginalização em massa, se pensarmos assim, teremos o judaísmo como bruxaria, teremos o luteranismo (movimento protestante) como bruxaria, temos um monte de outras crenças alternativas, inclusive o movimento anti-cristão (satanismo).

Não concordamos com o termo bruxaria nesta fase histórica completamente obscura, tanto socialmente como religiosamente falando, pois o diabo nem entra em nossas crenças, esta visão distorcida cabe para quem estuda e pratica magia do período medieval e moderno e nem pode ser considerada como Bruxaria (termo para senda) e sim como um agregado de crenças e feitiçarias subjugadas pela Igreja Católica "bruxarias" - feitiçaria maléfica e marginalizada.

Então o grande problema, que a língua portuguesa traz, por ser uma das mais complexas línguas do mundo, é essa dubialidade, essas "corruptelas" da palavra e do sentido que tornam nossa comunicação tão confusa, promovendo guerrinhas tolas e sem sentido.

Hoje vejo até gente da Umbanda falando que faz "bruxarias" com o significado de feitiçaria obscura, que o Exu dela faz "bruxarias". Para quem busca por raiz sabe que isso em nada tem haver com Bruxaria em essência.

Sobre a palavra "mago"
 Mago: “1. Antigo sacerdote zoroástrico, origem  persa. 2 Astrólogo; adivinho; 3) Homem que pratica magia; 4) Cada um dos três reis que foram a Belém adorar o menino Jesus; 5) significado de maestria”;

Aqui já vi até variação de palavras provém da Língua Persa, magus ou magi, que significa sábio. Da palavra "magi" também surgiram outras tais como "magister", "magista", "magistério", "magistral", "magno", etc.

Mas de forma algum vem do latim "Maleficus" que derivado Maléfico.

Outra fonte:
É comum atribuir a vasta região da Mesopotâmia como a origem dos magos, porque as suas atividades têm muito a ver com a astrologia. A magia praticada pelos magos proliferou a partir do período de domínio persa (537-330 anos antes de Cristo). Os judeus que estiveram exilados naquela região (597-539 a.C.) receberam essa influência, e, ao retornarem, certamente trouxeram a prática da magia e adivinhação para Israel. O livro Atos dos Apóstolos registra a conversão de muitos magos (At 13,6-8; 19,13-19).

É significativo mencionar que o evangelista Mateus registrou a presença de reis magos no evento do nascimento de Jesus, na cidade de Belém. O Evangelho de Mateus não menciona a quantidade, mas a tradição cristã afirma serem três "reis magos", supondo que cada um trazia uma espécie de presente: ouro, incenso e mirra (Mt 2,1-12). Ao mencionar a presença dos reis magos, no nascimento de Jesus, o evangelista queria afirmar a universalidade da mensagem pregada por Jesus Cristo. A manifestação do interesse dos magos do Oriente pelo nascimento de Jesus é completada pelo registro da conversão de pessoas vindas de todos os cantos da terra.

Agora sobre o termo feiticeiro:
1. Aquele que faz feitiço

Quem faz feitiço?
Bruxos, Magos, Umbandistas, Candomblecistas, Catimbozeiros, etc... 

O que são feitiços - Emprego sortilégio, encantamento, procedimento mágicos.
O objetivo é interferir no estado mental, astral, físico e/ou na percepção que outra pessoa tem da realidade. Um feitiço pode ser benéfico, inofensivo ou maligno, no último caso, um exemplo é uma Maldição. Um feitiço pode ser feito através de rituais, utilizando-se de amuletos, palavras mágicas, poções, etc.

Abraços Fraternos,
Ricardo DRaco 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Críticas perante Bruxos Tradicionais

O grande desafio do Conselho de Bruxaria Tradicional é gerar projetos de qualidade com gente de qualidade, bem intencionada e capaz de criar algo em favor daqueles que realmente desejam caminhar sobre este senda, nós não objetivamos àqueles que discordam, que são críticos superficiais, pois na maioria das vezes estes são os mesmos que nunca fizeram nada a não ser oposição.
Não existe obrigatoriedade em seguir bruxaria tradicional, como também fazer parte do conselho ou se beneficiar de algum projeto que criamos, que aliás são vários.
Como sempre a grande maioria que se coloca em oposição, em sua maioria tem problemas de identificação de crença, acreditam que tudo que possa ter feitiçaria é bruxaria, pois dão o mesmo sentido de bruxo para feiticeiro, essa deficiência lingüística não é o foco para espiritualidade, pode ser foco para o estudo da língua portuguesa, mas conceituar etimologicamente as palavras e descobrir o sentido delas; consideramos dignos para o ensino médio, quando não primário.
Nós gostaríamos muito que as críticas fossem feitas com nome verdadeiro, com CPF, pois assim ficaria muito mais fácil e legal de acertarmos os ponteiros, visto que as agressões a pessoas e entidades estão prescritas em lei, na forma de calúnia e difamação e criminalidade dá punição tanto de retratação pública como indenização financeira.
Fora a questão de lei que esta baseada na constituição federal, nós estamos muito bem focados em nossa linha de atuação, podemos ler livros, podemos comungar de ideais, mas o requisito esta na passagem da tradição, tradição essa que não tem o mesmo significado de ordem iniciática, e sim de passar o conhecimento que foi transmitido, não somente pela oratória, mas pela prática, pelos caminhos que muitos buscam através de livros, de outras religiões, mas que claramente não conseguem obter e ficam nos atos infantis.

O que mais nos diverte é essa corrida maluca por iniciações em diversas correntes místicas, onde se estuda tudo e não se é nada, francamente se ao final de tudo o que gastou com livros, de todas as iniciações que roubaram seu dinheiro, ainda assim menciona a pergunta “O que eu sou?” francamente, a resposta para isso não cabe no texto, mas por isto e por diversas outras charlatanices que fornecemos orientação e não iniciação, iniciação é algo sagrado para nós, e somente a partir do auto-conhecimento, do equilíbrio emocional, da educação, do controle do ego, do saber escutar é que se começa a pensar em iniciação, alias antes de ser bruxo precisa ser gente!
Com relação a outras ordens, tal como Tubal Cain, ABRAWICCA, IBWB, citada por um iniciante, nós respeitamos todas as ordens, podemos não COMPARTILHAR das mesmas crenças, mas respeitamos.
Ou seja, cada macaco no seu galho.
Aos que desejam receber informativos, temos uma excelente lista , envie um email para:
Como o próprio nome diz, é uma lista de informativos e para tirar dúvidas.
Cordialmente,
CBT - Conselho de Bruxaria Tradicional

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Bruxaria Tradicional - Consagração da Terra Nativa



Resolvemos escrever este tópico com o intuito de mostrar o funcionamento da Bruxaria Tradicional sem mistificações, sem aplicar uma linguagem esotérica confusa, indo direto na questão.

Dentro das práticas da Bruxaria Tradicional, sendo ela uma representação do agregado cultural e de crença específica européia, dado a migração desses povos para o restante do mundo, teremos o realinhamento do conceito honrar a terra, esse honrar nos é nato, é um respeito à natureza (flora e fauna) como também lugar onde nossos ancestrais viveram.

Com isso teremos nos cultos fora da Europa, um chamado a honrar a terra de origem como também a terra que hoje nos encontramos, e o faremos em culto, mesmo de passagem, esse honrar é um respeito, uma dedicação ao que nos cerca naquele momento, naquele solo.

Bruxaria Tradicional é uma herança européia, não existe Bruxaria Tradicional nascida exclusivamente no Brasil, sem esse link cultural e de crença (origem). Um índio, um negro, um asiático, terá a sua fé baseada geralmente conforme sua origem, mas que também podem se dedicar a Bruxaria Tradicional desde que busquem por esse conhecimento ancestral regional.


Bruxaria Tradicional no Brasil

Aqui teremos um cenário bem próprio, por vários motivos, um deles é o fato do Brasil já ser colonizado por forte influência cristã, desde cruzes de malta dos templários, evangelização indígena, até a santa inquisição e perseguição aos judeus.

Portanto, as fontes que temos no Brasil direcionam sempre o termo “bruxaria” a práticas malévolas e de heresia, como atributo para crença marginalizada, selvagem, anti-cristã, promovendo uma divisão dualista de Bem X Mal ou Luz X Trevas.

Com isso, toda crença, fosse indígena, negra, judaica ou fora dos padrões morais e éticos cristãos seriam tidos como “magia negra” e assim bruxaria.

Esta visão, é uma visão distorcida, tanto que observamos textos falando de Quimbanda como Bruxaria, de “macumba” como bruxaria, e tantas e tantas outras perante os movimentos radicais cristãos ou mesmo pela ignorância de nosso país, não apenas sobre uma determinada classe social, religiosa ou acadêmica.

E qual o motivo de tanta desinformação? Poderíamos citar vários, vamos a eles:

- falta de pesquisas sérias e de campo nas áreas acadêmicas (antropologia, teologia, entre outras);
- Interesse econômico, visto que muitos ganham como os artifícios de medo, e perca de fieis das religiões tidas como “oficiais” e a própria mídia nos filmes de terror;
- Desorganização religiosa, falta de entidades representativas;
- Autores equivocados e parciais escreverem sobre o assunto;
- Falta de conceito que auxiliem na comunicação com propriedade (entendimento objetivo).


Outro grande problema é acreditar que bruxaria é apenas um oficio de feitiçaria, ela é um agregado humano, sendo um agregado humano ela se amplia pela arte, artesanato, pelo trabalho com ervas (medicina alternativa) cantos e evocações (musicalidade e danças), portanto é muito mais que um agregado de práticas mágicas, se assim não o fosse poderíamos apenas citar o rótulo de feiticeiros/ magistas.

Uma outra questão, será que todo mundo era bruxo antes do cristianismo? Será que este agregado folclórico e espiritual era comum ou apenas determinadas pessoas/ famílias, dentro das aldeias tinham um oficio próprio?

Outra questão, esta espiritualidade era exteriorizada para toda aldeia, ou era algo mais enraizado e específico dentro de uma comunidade?

O que podemos dizer é que quando falamos de espiritualidade pagã européia, ela possui variações conforme região, povo, estrutura social, ou seja, “n” variantes. É como uma indagação que me fizeram, acredita que alguém da Romuva (Crença Tradicional da Lituânia) se proclamaria Bruxo Tradicional?

- Diria que primeiramente como alguém dedicado a Romuva (e se ele realmente se dedicasse a espiritualidade contida na palavra) depois de apresentado o conceito Bruxo Tradicional, pelo qual acreditamos, acreditamos que sim, pois estaria de acordo com os esforços que pregam com preservação, reconstrução, respeito, paganismo, entre tantos valores que são importantes para Bruxos Tradicionais.

E se colocassem como um conjunto de feitiçaria nas artes do diabo? Provavelmente, tanto o sujeito da Romuva, como muitos Bruxos recusariam o termo, pois o significado impregnado na palavra iria contra a essência da crença.


Bruxaria Tradicional e Espíritos da Terra

Falando ainda em Brasil, uma terra rica em folclore, para nós é fluídico o respeito pelas entidades nativas, porém não se justifica dizer que Bruxaria incorpora Orixás, Exus ou Pomba-Giras como base original de culto, pois entendemos que prática religiosa é diferente de feitiçaria, o fato de um bruxo estudar outros sistemas mágicos não indica que estes sistemas façam parte da Bruxaria.

Existe uma conduta muito direta na Bruxaria Tradicional e muito embora nossos textos tragam conhecimento, sabemos que eles trazem também questionamentos que dada à limitação da escrita, não geram a clareza pela qual prezamos.

Esperamos com isso, que nos cheguem questionamentos com novos pontos de vista e assim conquistarmos mais e mais informações aos nossos leitores.

Autor: Ricardo DRaco

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Bruxaria Tradicional Lituana = Romuva

SAUDAÇÕES!!! A Todos,

Recebi uma indicação do termo "Romuva", que vamos comentar abaixo:

Primeiramente temos que entender que "Bruxaria Tradicional" é um termo genérico e não uma religião centralizadora antiga, tal como um termo "Xamanismo" para rotular "Crenças Tradicionais", portanto não existe dentro dos antigos povos europeus, o nome bruxaria como uma religião centralizadora/  homogênea, muito embora temos teses acadêmicas sobre sua origem etimológica (veja definição de religião).

Temos com isso, agregados familiares com práticas culturais e de crença específicas e que é possível traçar paralelos, principalmente quando falamos em regiões específicas, a isto chamamos de crenças tradicionais familiares, que ao colocarmos o termo "europeu" damos o rótulo de Bruxaria Familiar ou Hereditária. Nesse contexto temos a migração do conhecimento passado de geração a geração, que é um fato comum na humanidade, herdamos atribuições e costumes de nossos ancestrais.

Partindo disso, da união de pessoas que mantinham esses conhecimentos + pessoas interessadas tanto na parte folclórica como espiritualista, formaram o que chamamos de Bruxaria Tradicional, que também não é nada fora do comum e que também é um termo, tal como qualquer termo visa dar significado.

Dentro desse agregado de rótulo "Bruxaria Tradicional" existem diversas atividades, uma delas também é o estudo dos povos anteriores ao cristianismo em específico, conforme orientação do grupo (seja Celta, Visigodo, Romano, etc.), trabalho de preservação, estudo do folclore, entre outras. Portanto, uma instituição formada por pessoas de carne e osso, que se dedicam a todo o agregado regionalizado.

Citei até um exemplo muito interessante, que a:

Bruxaria Tradicional ligada ao Celtismo (especifico) esta para o Druidismo 
Tal como:
Uma instituição de preservação cultural cristã esta para a Igreja Católica.

Se partirmos para termos étnicos, cada região tem um nome próprio e muitos termos genéricos não seriam usuais e que provavelmente daria certa confusão no intercâmbio, seja pela dificuldade cognitiva, seja por traçar parâmetros.




Agora entendam, o termo religião parece ser ofensivo para muita gente, então vamos mudar para algum mecanismo, seja lá o nome que queiram dar, para obtermos os mesmos direitos e benefícios de outros caminhos, dando a oportunidade para quem assim o desejar, tal como respeitar a quem queira ficar na marginalidade.

Romuva é uma organização religiosa étnica do Báltico, revivendo as práticas religiosas do povo lituano antes de sua cristianização . Romuva é uma religião popular da comunidade que pretende continuar vivendo as tradições pagãs do Báltico que sobreviveram no folclore e costumes.
Romuva existe principalmente na Lituânia e no ex- bloco oriental das nações, mas há adeptos da fé em todo o mundo onde existem importantes comunidades lituanas. Praticar a fé Romuva é visto por muitos adeptos como uma forma de orgulho cultural, comemorando junto com as formas tradicionais de arte, recontando o folclore do Báltico, a prática de festas tradicionais, tocando músicas tradicionais, cantares tradicionais dainas ou hinos e canções, bem como ecológica e ativismo de lugares sagrados.

Fonte:http://en.wikipedia.org/wiki/Romuva_(church)


http://earthspiritcommunity.blogspot.com

Dúvida de Leitor - Igreja de Bruxaria (?)

Carta respondida a leitora.




"Bom dia!

Esses dia estive passeando pelo orkut e fui surpreendida, e observei um debate homérico sobre a IBWB (Igreja de Bruxaria e Wicca do Brasil).


Questões levantadas desde a titulação dos "Elders" até em quais valores se baseava essa Igreja.
Queria saber,se é que se pode ter , o posicionamento do CBT diante desta igreja."



>>> Resposta:


Bom dia cara leitora,

Meu nome é Ricardo DRaco e sou membro do CBT, porém como o próprio nome diz, o CBT é apenas um Conselho, ou seja, pessoas e grupos que desejam criar laços de fraternidade e projetos comunitários.

A relação com iniciações fica a critério de cada grupo que compõe o conselho, nós enquanto instituição coordenadora de projetos, não intervimos nas questões espirituais e de soberania dos grupos aqui filiados, apenas no gerenciamento de projetos, cursos e selo de afinidade para com a instituição.

A nossa proposta é representação daqueles que desejam ser representados, ou seja, não buscamos padronizar o paganismo com nossos alicerces, a não ser especificar o que é Bruxaria Tradicional de outras crenças pagãs.

Com relação a igreja, so posso dar minha opinião pessoal, acredito que toda forma de organização e união é bem vista, desde que não fira a liberdade e soberania de grupos e individuos, promovendo o preconceito e prejudicando de alguma forma.

Temos um membro que esta no Conselho e também na IBWB, e não vejo divergências entre as instituições, o que pode haver é sempre uma linha de pensamento que possa discordar na crença, ou alguma incompatibilidade pessoal, mas nada além disso.

É normal pensar que toda instituição, criará dispositivos para separar pessoas sérias de pessoas não tão sérias, e isso ocorre em qualquer meio religioso, agora o fato de uma instituição aprovar seu sacerdócio não te faz mais bruxo ou menos bruxo, apenas traz uma linha de conduta que as instituições, em votação, acham aconselhavel.

Ficou clara essa questão?

Abraços Fraternos,

Ricardo DRaco

Gallaecia, o pais esquecido

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Busca pelo Poder Animal na Bruxaria Tradicional

"Na busca do Poder Animal o qual irá lhe ajudar em sua jornada entre os mundos."

É comum encontrarmos pessoas interessadas na busca pelo seu animal guardião,  a maioria é iludida em workshops de um dia ou uma vivência de final de semana, onde encontram o animal que já queriam ter, geralmente encontram águias, grandes felinos, lobos, mas nunca insetos, passarinhos entre 
outros menos apresentáveis e que não geram o status de poder.


  Depois que "recebem" guardam em suas mochilas místicas, junto com signo, ascendente, orixá, deus de afinidade, entre muitos outros atributos que favorecem apenas a superficialidade da caminhada.

Existe técnica (fast-food) para encontrar seu animal de poder? Resposta é obvia, não! Não existe, o que existe é um trabalho intenso de conhecer a si próprio, entender a sua essência, a sua aparência, os seus gostos, habitats, resposta a ações, suas fragilidades, seus potenciais, e somente convicto de ser quem realmente você é, encontrará seu animal guardião, e através dele um propósito que se baseia em diversos objetivos, desde cura pessoal até projeção astral. 

Dentro dos diversos segmentos da Bruxaria Tradicional encontramos uma diversidade de cultos, porém escrevo específicamente sobre Bruxaria Tradicional Ibero-Celta.

Fundamento, é que não existem animais que não sejam da   região da linha mágica, ou seja, animais europeus e do lugar cultuado, em nosso caso, no Brasil. Portanto, não encontraremos elefantes (origem africana).





Animais Guardiões  
Em poucas palavras, é sua essência física,
 é como se age em situações rápidas  
instintivas, porte físico, habilidades, clima e 
local que se sente mais a vontade.

Animais Auxiliares  
São aqueles que nos ajudam em determinado momento de nossa vida, nos emprestam a força, 
a agilidade, a temperança, a sensibilidade, e geralmente favorecem um bruxo em uma determinada questão.
Animais de Poder  
Um canal direto para a sabedoria em outros planos, são mais etéreos em suas aplicações, mais sutis, e são unicamente encontrados em iniciações ou traumas profundos, tal como voltar de um coma.
Animais Totem
 Estes expressam uma coletividade, tal como uma representação de brasão de uma cidade, nome de uma tribo, de um povo, e existem em diversas culturas ancestrais no mundo. 
(veja mais sobre este tópico)

Encontramos também dentro da mitologia o apanhado de contos (cheios  de sabedoria para quem consegue ver além das palavras). Podemos citar a transformação animal, isto de acordo com a vontade pessoal ou através de uma punição. 

Há muitas estórias tradicionais relatam a transmutação em animais a fim de que possam aprender uma valiosa lição.

Cada estória nos mostra além da busca pela sabedoria, a intervenção de um protetor ou guardião do local, um deus, um ser do outro mundo pelo qual é encaminhado o peregrino diante de um portal ou nova visão. 
 
  Também podemos encontrar animais sagrados fazendo menções diretas a deuses tal como o cavalo para Epona, o corvo para Lugo, o gamo para Taliesin.

As técnicas de êxtase como ferramenta de busca de sabedoria, não visam uma causa superficial do próprio ego. A jornada, seja através do montar de um cervo branco, ou através do som do black bird é um principio que nos leva a crer que existe muito mais do que nossos caprichos pessoais. 


Autor: Ricardo DRaco
Conselho de Bruxaria Tradicional
Bruxaria Tradicional Ibero-Celta